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Archive for maio \27\-03:00 2009

O Estado religioso*

church_and_stateNo campo das idéias a contradição é uma figura tenebrosa, uma enfermidade. Contradizer-se é, não raro, motivo suficiente para a ridicularização do pronunciante e funciona apenas para o seu descrédito. Antes de desejarmos não nos contradizermos com medo das opiniões alheias, o fazemos pelo bem da sustentação de nossas idéias. Exigimos de nós mesmos um encadeamento lógico das mesmas, pelo bem de nossa própria saúde mental.

Visando a não contradição nossos pensamentos acomodam-se em nossas cabeças, por vezes a grande custo, de modo que haja espaço para todos e que fiquem perfeitamente alojados. Mesmo as mais excêntricas das idéias não podem conflitar-se pelo bem de seu defensor, posto que é difícil respeitar às idéias de alguém que não respeita à própria consciência. É comum que a maturidade nos sirva para a coesão das idéias, a proximidade que elas passam a apresentar, tornam-nas polidas e espelho umas para as outras. Os pensamentos passam a ser tão complementares uns aos outros que ao se expor um, outros parecem visíveis pela dedução, ou mesmo pela intuição, e se seguem fluentemente. Há uma idéia, porém, que consegue revelar as outras com maior grandeza, parece refletir a própria essência de nossa formação intelectual, esta idéia é a que fazemos de Deus. Um velho halterofilista barbado ou o sol que traz a colheita. A Verdade ou uma mentira. Não é o caso de que todas as idéias se desprendam dessa, mas o fato é que a partir dela a exposição de ideologias parece bem mais clara.

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Por Mons. Ignácio Barreiro Carámbula

MGR BARREIRO 1Nos últimos tempos temos vistos crescerem os ataques e as más interpretações do Motu Próprio Summorum Pontificum. O objetivo de tais críticas é o de impedir ou ao menos restringir a aplicação desta lei, para depois poder ser afirmado que os fiéis não estão interessados no rito extraordinário da liturgia. Esta atitude demonstra um espírito de desobediência que foi denunciado abertamente por S. Em.ª Revm.ª Mons. Albert Malcom Ranjith, Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Tendo em conta a difusão destas críticas, creio que é útil analisa-las brevemente.

Alguns argumentaram que o Motu proprio enfraquece a autoridade do Concílio Vaticano II, e tem propostas para recuperar o seu espírito e não se separar dos textos aprovados. Isto produz riscos de graves distorções da doutrina da Igreja. Ao contrário, a interpretação do Concílio deve ser feita seguindo o critério da Hermenêutica da Continuidade indicada pelo Santo Padre. A proposta leva a uns e outros a concluir que seria difícil conciliar o rito extraordinário da liturgia com a visão eclesiológica do Vaticano II. Mas estes autores não estão em condições de demonstrar que o Vaticano II introduziu uma nova eclesiologia na Igreja. Afirmar que a eclesiologia do Vaticano II não é compatível com a precedente teologia da Igreja significaria cair em uma forma de Hermenêutica da descontinuidade e da ruptura, que Bento XVI denunciou como errônea em seu discurso à Cúria Romana em 22 de dezembro de 2005. Neste discurso demonstra também que a constituição da Igreja não poderia ser alterada pelo Concílio Vaticano II “porque não pode ser mudada, já que a constituição essencial da Igreja vem do Senhor e nos foi dada para que pudéssemos alcançar a vida eterna”.

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Ética e política em Santo Agostinho, com o professor do curso de Filosofia da Católica Marcos Roberto Nunes. No evento, será lançado o seu livro “Introdução ao pensamento ético-político de Santo Agostinho”.

Dia 28 de maio, no miniauditório do bloco B da Universidade Católica de Pernambuco, das 17h às 18h30.

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Por Gerald Warner

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Bem, já chega! Ele realmente passou dos limites dessa vez. O Papa Bento XVI parece ter levado Carla Bruni, primeira-dama da França, para fora da Igreja Católica com sua oposição ao uso de camisinhas na África e a alegação de que isso apenas agravaria o problema da Aids. “Eu nasci católica”, disse Bruni, “eu fui batizada, mas em minha vida sinto-me verdadeiramente secular. Eu acho a controvérsia vinda das mensagens do Papa – apesar de distorcidas pela mídia – muito danosa”.

Nostradamus poderia ter tido a decência de avisar-nos sobre isso. Pode a Igreja Católica sobreviver sem La Bruni? O prognóstico não é bom. A perda desta profundamente devota mãe solteira que casou com o presidente Sarkozy como sua terceira esposa – o presidente demonstra um louvável apoio ao matrimônio – poderia ter repercussões desmoralizantes. Será que isso significa que as mantilhas rendadas de Bruni não mais vão dar o ar de sua graça nas Vésperas na igreja de St.Nicolas-du-Chardonnet? Ela vai se ausentar da peregrinação de Chartres deste ano?

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Estrangeiro na floresta

As densas gotas da chuva tropical pesam sobre as folhas das árvores e caem se juntando em poças na terra. O som das gotas de chuva é monótono. Monótono e grandioso. Elas caem sozinhas e isoladas, sem serem vistas por olhos humanos. Respingam nos galhos, nos troncos, nas flores e folhas, na terra, nas pedras, na própria lama, mas juntas fazem um só som. Um som monótono e grandioso.

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Mas em meio à floresta há um estrangeiro, enrolado em panos delicados, e encharcados pela chuva. Na terra jaz o estrangeiro, com seus pequenos olhos fechados, e seus pequenos braços e pernas agitados. Ele gritava chorando, mas a chuva gritava mais alto e suas lágrimas eram nada perto das densas gotas. E ele gritava mostrando a boca faltando os dentes. Era um bebê o estrangeiro, e era estrangeiro, pois ali, sozinho, não pertencia. Fora entregue à própria sorte. E todos sabem que a sorte de um bebê entregue à própria sorte é uma só, e é a pior delas. Largado só, na selva; não há forças no infante para sequer saber como lutar pela própria vida. Eis a sorte do estrangeiro.

É estranho que tal cena nos cause o senso de injustiça no abandono da criança, mas não creiamos ser injusto que ela precise não ser abandonada; não nos passa à mente que seja injusta a fragilidade do bebê, mas apenas o abandono dele à sua própria fragilidade.

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O Alfa e o Omega. O Princípio e o Fim. Assim tratamos da eternidade de Deus, com sua perenidade proclamada de forma magistral por seu próprio nome, “Eu Sou” (Yahweh).

Mas Deus é também o Princípio e o Fim moral, mais estritamente falando, o Princípio e o Fim do homem. Princípio porque Deus é “ser absoluto ou existente a se, infinito, eterno, princípio supremo, do qual trazem sua origem e dependem todas as coisas por meio da criação e da conservação, e, entre outras coisas, especialmente, o homem, sua imagem e semelhança”, assim fala o Cardeal Zeferino González na sua obra “Filosofia Elemental”. E é Fim porque temos a necessidade de “reconhecer e confessar que Deus é o sumo Bem, término final de nossos desejos, esperanças e aspirações, perfeição e felicidade suprema do homem”, também de acordo com o Cardeal González.

Essa realidade de Deus como Princípio e Fim se expressam claramente, como não poderia deixar de ser, na humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois, segundo o então Cardeal Joseph Ratzinger, Cristo é o primeiro homem, novo Adão, que resgatou à humanidade e a reconciliou com Deus abrindo o caminho para uma nova humanidade, bem como também o último homem, aquele ao qual devemos aspirar como exemplo, já que, como bem expressa o título da famosa obra de Thomas de Kempis, devemos praticar a “Imitação de Cristo”. Ou como fala o Servo de Deus o Papa João Paulo II a respeito da completude da devoção do Santo Rosário, em sua carta apostólica “Rosarium Virginis Mariae”, “o terço converge para o Crucificado, que desta forma abre e fecha o próprio itinerário da oração”.

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